Lia Cabral Baron

Nasci em Niterói, em 1982, mesmo lugar em que realizei toda a minha formação escolar. A universidade reforçou meus vínculos com a cidade: cursei Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na UFF, no antigo IACS, bairro de São Domingos. A opção por essa formação se deu porque sempre quis trabalhar com cultura, e o jornalismo poderia ser uma estratégia para chegar ali. Explico: no ano do vestibular, eu não sabia que existia o curso de produção cultural (então recém-criado). Soube pelo próprio formulário de inscrição no concurso, na hora de fazer o “x”. Já não dava tempo de mudar de ideia. Marquei comunicação. E a bem da verdade é que nunca cheguei a exercer o jornalismo de fato.
Mas é claro que o desejo e o destino iriam me conduzir ao lugar que queria. Ao sair de uma aula, na rua da faculdade, fui interpelada por um dirigente da Prefeitura. Ele perguntava se eu gostaria de trabalhar na Secretaria Municipal de Cultura. Aceitei de pronto. Foi aí que o mundo cultural e a gestão pública me conquistaram definitivamente. Naqueles anos, aprendi a montar grandes palcos, fazer projetos de formação, zelar pelos nossos patrimônios, atuar em periferias, realizar processos de participação popular.
Mais tarde, minha trajetória como gestora me levaria a atuar junto ao Ministério da Cultura, à Funarte, ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e a outras instituições (públicas e privadas). Mas o momento de maior satisfação se deu em minha passagem pela Prefeitura do Rio, onde pude implementar processos de cidadania e fomento cultural, com foco nas periferias e subúrbios da cidade. Desde então, tenho atuado pela territorialização e pela descentralização das políticas públicas de cultura, tema que também pesquiso.
Por falar nisso, a academia sempre foi igualmente um ambiente em que me senti em casa e que me ativou uma grande vontade de trabalho. Depois de formada, entre os anos de 2007 e 2009, ganhei uma bolsa da União Europeia para cursar o programa de mestrado Crossways in European Humanities, ligado ao programa Erasmus Mundus. Ele tem uma estrutura itinerante, o que me permitiu realizar estágios em universidades de Portugal, França e Itália. Além dos ganhos em pesquisa, aquela época foi para mim a oportunidade de aprender línguas e viver um ambiente de formação multinacional e multicultural. Depois de alguns anos de retorno ao Brasil, cursei doutorado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, pela PUC-Rio. Foi naquele momento que consegui fazer confluir minhas pesquisas acadêmicas e meu trabalho em políticas culturais.
Hoje, ano de 2024, recém-empossada no Departamento de Artes e Estudos Culturais/Puro, inicio minha trajetória como docente do Núcleo de Planejamento Cultural. Interessam-se especialmente temas como processos de gestão cultural, políticas culturais, marketing cultural, projeto cultural, gestão de espaços culturais, legislação de incentivo, direitos culturais e outros afins.